Capítulo IV
Durante toda a noite Prih ficou se virando na cama. Muitas vezes olhou o relógio, mas as horas não passavam. Já estava quase amanhecendo quando lembrou que, dali a pouco mais de duas horas, teria que se levantar para acompanhar Margaret à igreja. Finalmente o cansaço a venceu e, sem que percebesse, o sono a dominou.
Eram mais de oito horas quando acordou sobressaltada. Levantou-se e se vestiu rapidamente. Estava atrasada. Provavelmente Margaret já tinha saído.
Desceu as escadas correndo e, para sua surpresa, encontrou-a sentada calmamente na sala de jantar, tomando seu café da manhã. Como sempre, estava vestida de maneira sóbria, mas muito bonita. Parecia tão bem-disposta como se tivesse levantado há horas.
— Como você consegue ter tanta calma num domingo de manhã, enquanto eu fico apressada como uma maluca? Parece até que se levantou de madrugada para se aprontar e me fazer sentir ainda mais feia! — brincou Prih.
Nos últimos dias, elas pareciam ter descoberto que o melhor era manter um bom relacionamento. E entre elas estava crescendo, cada vez mais, um bem-querer recíproco.
Olhando-a com um sorriso, Margaret reparou nas roupas simples que vestia, nos cabelos castanhos presos num coque no alto da cabeça.
— Não me parece que você teve pouco tempo para se vestir. Está adorável! Quer tomar uma xícara de café?
— Ainda dá tempo? — quis saber Prih, puxando uma cadeira.
— Claro! Vamos à última missa hoje. Na verdade, fui chamá-la mais cedo, mas você parecia estar dormindo tão descansada que não tive coragem. Afinal, um bom sono pode fazer tanto bem ao espírito quanto a própria igreja.
— Pode ser que você tenha razão, mas eu não gostaria de perder a celebração de hoje. Tenho sido muito negligente com a religião nos últimos anos.
Margaret serviu-lhe o café.
— Você ainda está determinada a deixar-nos tão cedo? — Perguntou com ar descontente.
— Ficarei até que papai saia do hospital. Realmente, Margaret, não tem sido fácil para eu ficar aqui. E você, por favor, não finja que não sabe o motivo...
— Sim, eu sei. E já conversei com Nick sobre isso. Só não consigo entender por que vocês não declaram um cessar-fogo definitivo. Eu gostaria tanto que... Bem, deixemos os fatos desagradáveis de lado. Conte-me sobre a peça de ontem.
— O grupo era bom, mas eu não entendi nada da peça. Vi Nick lá. Ele gostou?
— Não o vi ainda esta manhã. Ele deixou apenas um recado dizendo que estava indo para a cabana. Acho que se levantou muito cedo.
Prih teve a impressão de que sabia exatamente por que ele resolvera esconder-se numa cabana. A cena do quarto devia estar incomodando sua consciência. Sorriu intimamente e perguntou que cabana era aquela.
— É uma pequena propriedade que ele comprou a uns cinqüenta quilômetros daqui. É seu refúgio. Eu mesma só fui lá uma vez.
— Cinqüenta quilômetros. Então não é longe!
— Não, fica em Oak Grove Park , aquele lugar onde íamos fazer piqueniques, lembra-se?
Sim, Prih lembrava. Era um lugar afastado, cujo acesso era feito por uma estradinha mal conservada e deserta. Nem linha telefônica tinha.
— Nick não é exatamente o tipo de executivo que se está acostumado a ver, não? Mesmo como químico, não consigo imaginá-lo no meio de tubos de ensaio e equipamentos de precisão.
Margaret serviu-se de outra xícara de café.
— Quando Nick tinha mais ou menos dez anos, me disse que queria ser químico. Na verdade, se ele me dissesse que seria vaqueiro, eu teria acreditado mais. Sempre me pareceu que ele se dá melhor com animais do que com fórmulas.
— Mesmo com gente ele não se dá muito bem... — completou Prih maldosamente. E, vendo que estava se excedendo, tentou remediar: — Gostaria de conhecer essa cabana.
— Não se ofenda se não for convidada. Ele gosta daquela solidão e quer um lugar só seu. Nesse ponto, não posso discordar dele.
— Bem, isso não é de todo estranho para um homem que ainda vive na casa dos pais aos trinta anos. . . E ele é feliz assim?
— Não penso que seja. Mas Nick não costuma falar sobre isso. Ele diz que planeja se mudar definitivamente para a cabana na primavera.
— Se eu decidir ficar aqui, talvez ele mude mais rápido ainda — brincou Prih. Margaret sorriu.
— Duvido. Ele gosta muito de provocá-la. Não perderia uma oportunidade sequer. Oh, como eu gostaria de entender vocês dois...
— É tempo perdido. Margaret...
A pequena igreja estava lotada, mas elas conseguiram um lugar para se sentar. Para Prih, era como se estivesse voltando à infância e indo à missa com seu pai. Sorriu ao lembrar-se de que costumava cochilar durante as preces e que sempre levava dois ou três beliscões durante a celebração para ficar acordada.
O coro já havia começado a cantar o rito de entrada, quando Prih percebeu um homem se aproximar e parar a seu lado. Sem se voltar, deu alguns passos para o lado, abrindo um espaço onde ele pudesse se sentar, e ofereceu seu livro de cânticos para que ele também os pudesse acompanhar.
De repente, uma mão branca segurou o livro.
— Não pensei que estivesse tão ansiosa por minha companhia, moreninha! — murmurou Nick.
Prih sentiu o rosto arder. Segurou a resposta mal-educada na ponta da língua.
— Daria para declararmos uma trégua durante a missa? — pediu, controlando-se.
Ele a olhou com ironia e começou a cantar.
Durante o sermão, uma senhora aproximou-se e pediu licença para sentar-se perto deles. Tiveram que ficar mais próximos para lhe dar lugar, e Nick, de maneira casual, passou um braço por trás de Prih. A partir desse momento, ela ficou terrivelmente inquieta.
"Oh, pare com isso, Priscila", ela se repreendia. "Que importância tem um gesto desses?" Mas ela própria não conseguia se convencer de que aquele fosse um gesto desinteressado.
Terminada a missa, Nick, Margaret e ela pararam por algum tempo no topo da escada. Margaret estranhou a presença do filho.
— Você voltou logo da cabana, Nick. Aconteceu alguma coisa?
— Não, mamãe. É que tenho algumas coisas a fazer aqui.
— Eu não o esperava hoje. Portanto, tinha planejado de almoçar com Prih, no hospital.
— Tudo bem. Encontrarei alguma coisa no freezer. Não se preocupe comigo.
— Eu nunca me preocupo. . . — brincou Margaret.
Nick olhou a mãe com uma expressão tão carinhosa que Prih, por um momento, não o reconheceu.
— Esta é a maior mentira que já ouvi mamãe!
Margaret riu e sugeriu que saíssem do frio. Nick tomou sua mão e ajudou-a a descer as escadas.
Já estavam entrando no carro quando uma garota loira acenou para Margaret e se aproximou para cumprimentá-la. Era Suzanne. Ela sorriu para Margaret e a cumprimentou com delicadeza, mas seus olhos faiscaram ao ver Prih.
— Estranho — disse Priscila. — Eu não sabia que ela costumava freqüentar esta igreja!
— E não costumava mesmo. . . — Margaret parecia aborrecida. — Não até ir trabalhar com Nick.
Priscila percebeu que também Margaret não via com bons olhos aquele relacionamento de Nick com a loira melosa.
Na lanchonete do hospital, Prih, que se sentia esfomeada, pois só havia tomado um cafezinho de manhã, não quis comer o prato do dia, um hambúrguer apimentado.
— Obrigada, Margaret. Do ponto de vista profissional, devo concordar que fornecer este hambúrguer é uma ótima forma de propaganda dos serviços do hospital. É só comer um desses lanches que, meia hora depois, ficará provada a eficiência das técnicas de emergência do pronto-socorro. — As duas riram da brincadeira. Acabaram pedindo uma salada com legumes.
— E a peça, Prih? Você não acabou de me contar.
— Não tenho muito pra dizer. Não entendi nada. Mas Steve, Alison e AJ parecem ter gostado.
— E o que você diz de Steve?
— Ele é muito simpático. Convidou-me para um cinema na próxima semana. Mas eu me apaixonei mesmo foi por Molly. Pena que ela tenha dormido pouco tempo depois que chegamos à casa de Alison.
— Ela é mesmo adorável. Ficamos com ela durante um fim de semana em que Alison e AJ precisaram viajar. Richard gostou tanto da garota que ficou o tempo todo só por conta dela.
— Oh, Margaret, gostaria tanto de tomar conta de Molly...
— Alison vai adorar saber disso. Eu também o faria se não temesse que uma criança em casa preocupasse Richard.
— Você adora crianças, não, Margaret?
— E que mulher não gosta? Espero que Nick, ou você, me providenciem logo um neto...
— Eu, de minha parte, pretendo demorar um pouco para lhe dar este gosto. Mas, Nick, quem sabe? Suzanne parece gostar da idéia.
— Bem, eu sempre desejei concordar com a escolha que Nick fizer. Mas Suzanne...
Prih percebeu a hesitação de Margaret.
— Você parece não gostar muito de Suzanne. . .
— Bem, devo admitir minha prevenção contra falsas loiras. Ficam tão artificiais que penso que interiormente também o são!
— Bem, Margaret, não tenho nada contra Suzanne, entende?
— É claro que entendo! Só que você também não a quer como cunhada, não estou certa?
— Sim, se é que eu tenho o direito de dizer algo a respeito.
“Mesmo achando que Suzanne é exatamente o tipo de esposa que Nick merece”, ela pensou.
Richard Stanford sorriu quando a esposa e sua filha entraram no quarto.
— Que bom! Aqui estão minhas garotas favoritas! Já estava pensando que vocês tinham se perdido!
— O estômago de Prih estava reclamando muito de fome. Então paramos para almoçar — explicou Margaret, abaixando-se para beijá-lo.
— E você, papai? Como está hoje?
— Feliz por me ver livre daquele cubículo que era a UTI. Ainda há pouco, me trouxeram um aparelho de tevê. Agora, posso assistir a meus jogos de basquete.
— Que bom papai! Desde que você não fique muito deprimido quando seu time estiver perdendo...
— E você? Como foi no passeio de ontem? Steve manteve as mãos longe de você? Se não, ele vai se ver comigo!
— E o que você iria fazer? Papai, pode deixar que eu me cuido!
A porta se abriu e o Dr. Grantham entrou.
— Maravilha! A família Stanford reunida!
— Mas isso é hora de médico visitar seus pacientes! — Richard repreendeu-o, brincalhão.
— Até os médicos têm direito de descansar. Isto consta do meu contrato — justificou-se, enquanto apertava os dedos e olhava as mãos de Richard. — Como está se sentindo?
— Como se tivesse um elefante em cima de mim!
— Isso é normal. Não há nada de grave e você está se recuperando muito bem. Acho que vai poder passar o Natal em casa. Sem abusos, claro!
— E o senhor e Edna irão passar o Natal conosco, não é, Dr. Grantham? — perguntou Margaret.
— Não recusaria esse convite por nada no mundo! Mas espero que vocês festejem de maneira mais moderada este ano. Pelo bem de Richard. . .
— Sem dúvida. Será uma festa só para a família, não é, Richard?
O médico prometeu voltar à noite e saiu.
— Você já planejou o seu Natal? — perguntou Richard a Prih. — Afinal, existe aquele rapaz que você mencionou. . .
— Que rapaz? — interrompeu Margaret.
— Um que Prih considera especial.
— Especial, sim, papai, mas não essencial. E, para seu sossego, ainda não fiz os planos para o Natal.
— E Rosemary? Ela deve estar planejando alguma coisa, não?
Prih observou que pela primeira vez ele mencionava a ex-mulher sem hesitação.
— Sim, é verdade — respondeu a filha. — Ela vai fazer um cruzeiro pelo Caribe.
— Então, espero que você passe mais algum tempo conosco, Prih. Não só o Natal, mas todo o tempo que puder ficar. Queremos conhecer melhor a nova Priscila.
Enquanto Richard falava, Margaret ia concordando e Prih via muita sinceridade no olhar da madrasta.
— Sei que vocês querem que eu fique. Mas tenho medo de lhes trazer novos problemas. Ainda me lembro dos desgostos que dei a ambos, antes.
Margaret imediatamente saiu do lado da cama de Richard, e segurou-a pelos ombros.
— Querida, mesmo com tudo o que aconteceu você é parte da família. É muito importante para nós. Acredite em mim: sem você não estamos completos. Precisamos de você! — Havia lágrimas em seus olhos.
— Sabe Prih, sinto ciúme de você. É difícil admitir que sua mãe tenha os mesmos direitos que eu sobre você. Ela teve sua companhia durante estes últimos anos, e eu tudo o que quero é ter você por alguns meses — Richard falou pesaroso.
Prih, comovida, abraçou o pai.
— Desculpe-me, papai. Sei que fui cruel abandonando-o por tanto tempo...
— Prih, o que passou, passou. Você agora está em casa.
Ela tinha certeza de que seu pai a queria em Twin Rivers. Ele estava implorando isso. E não era impossível atendê-lo. Rosemary não se importaria e, quanto ao trabalho, havia dezenas de outros lugares onde poderia fazer a mesma coisa. E depois sempre existiria a possibilidade de voltar.
Uma idéia lhe ocorreu. Poderia trabalhar como relações públicas na Twin Rivers Bakeries. E Nick não poderia impedir se seu pai concordasse.
— Está bem, vocês venceram. — Lágrimas e sorrisos se misturavam em seu rosto. — Ficarei alguns meses, mas preciso me manter ocupada. Eu poderia trabalhar como relações públicas na empresa, papai?
Richard ficou surpreso.
— Você não precisa trabalhar Prih.
Ela tomou as mãos de Richard.
— Mas eu não conseguiria ficar sem fazer nada, papai. E isto é a única coisa que sei fazer. Por favor...
— Está bem, Prih. Faça o que você quiser.
— Que bela reunião! — Nick estava parado à porta e provavelmente escutara o final da conversa. — Tenho algumas coisas a tratar com Richard. Vocês me dão licença?
— Desde que não sejam negócios... — Margaret riu.
— Temo que sim, mamãe.
— Acho que essas coisas não são aconselháveis a um doente do coração — Prih falou, sem se mover.
Nick a encarou por alguns momentos, fazendo-a sentir-se um inseto.
— Não se preocupem. Não seria eu a lhe provocar outra crise.
— Nick, eu talvez decida não voltar a trabalhar. . . — adiantou-se Richard.
Por um momento Nick se desconcertou como se não tivesse entendido. Depois, sua expressão se alterou e Prih ficou em dúvida se havia visto ou não um brilho de satisfação em seus olhos.
"Mas só pode ser. Nick esperou tanto tempo por esse momento, que agora tem que usufruí-lo bem", Prih pensou.
— Margaret e eu conversamos sobre isso na última noite. De agora em diante, queremos viver um pouco mais...
— Talvez viajar um pouco, quando Richard estiver melhor — completou Margaret.
— E quanto à empresa? — Nick perguntou.
Prih lhe lançou um sorriso frio. Já tinha adivinhado o que iria ouvir. Richard estava meio triste.
— Ela é sua, Nick.
— Papai...
Nick a olhou, divertido.
— Preocupada com a sua parte, Prih? Acho que você deve explicar-lhe que já tomou as providências nesse sentido, Richard.
— Nunca pensei que você chegasse a isso, papai!
— É claro que não! — zombou Nick. — E poderia nos dizer o que é que imaginava?
Prih se recusou a responder.
— Viu? Não lhe falei que deveria ficar por perto para proteger os seus direitos?
— Chega Nick — interrompeu Margaret, mostrando-se aborrecida.
Richard interveio:
— Sei que você me culpa por ter abandonado seus estudos, Nick. Você é um ótimo químico, mas provou que é também um excelente empresário. E me parece que no último ano conseguiu se adaptar plenamente à sua função na empresa. Estou certo?
— É verdade. Eu me acostumei ao trabalho e até gosto dele, Richard.
Os olhos de Nick não desgrudavam de Prih.
"Então eu agora sou o único obstáculo para você, hein, rapaz?", ela parecia desafiá-lo.
Nick percebeu a ironia em seus olhos, mas também o enorme desgosto que ela tentava esconder.
— Estragaram seus planos, não, moreninha?
Outra vez Prih o ignorou, e se voltou para o pai:
— Bem, papai. Pelo que vejo sou perfeitamente dispensável aqui. Só Nick é importante. Então posso ir embora, não?
— Não, filha. Você é a pessoa mais importante para mim. Amo Nick como a um filho, mas você é o meu sangue...
— Então confie em mim. Posso dirigir a fábrica sozinha. Você não precisa de Nick.
— Querida, quando transferi a administração da empresa para ele, já sonhava vê-la participando deste patrimônio da família. Por isso, você já foi nomeada proprietária de metade das ações. Nick tem a outra metade. Agora, pense bem. Naquela ocasião, eu tinha um bom administrador em Twin Rivers. Era Nick, que estava e planejava continuar aqui. Não seria justo que agora, depois do bom trabalho que ele fez, eu tirasse tudo de suas mãos. Seria?
— E por que você acha que eu também não poderia ficar aqui?
— E o que Brian iria achar disso, moreninha? Acha que ele aceitaria sua mudança? — lembrou Nick.
Richard ignorou a interrupção.
— Nick vai cuidar de seus interesses tanto quanto dos dele, Prih.
"Oh, sim, mas sempre tendo em vista o dia em que tudo seja só dele", pensou Prih. Certamente, seu pai não sabia o quanto Nick era perigoso e interesseiro.
— Está bem, papai, vou aceitar sua decisão, por enquanto. . . Vou fazer meu trabalho da melhor maneira possível e, quem sabe, um dia, poderemos deixar Nick terminar seu curso de química. . .
Prih percebeu que Nick não estava entendendo a que ela referia.
— Você ainda não sabe. Nick. Mas tenho um novo trabalho Vou ser relações públicas da empresa.
Por alguns segundos ela pôde saborear o espanto dele.
— Mas você não tem experiência suficiente para isso. . .
— Então vamos ver o que ela consegue. — A voz de Richard era firme e não admitia novos argumentos. — Ela pode ser uma boa profissional, Nick. E também está com razão quando diz que assim você poderia se dedicar mais a seu laboratório!
Nick, contrariado, se viu obrigado a acatar a decisão de Richard.
— Você tem certeza de que pode fazer isso, moreninha? Não vai fugir diante do primeiro problema?
Nick estava duvidando dela. Provavelmente se esquecera de que ela era uma Stanford, e de como era grande o orgulho deles.
— Tenho certeza absoluta de que não fugirei!
— Bem, então está tudo acertado — confirmou Richard, já exausto. — Preciso repousar agora. Vocês não se importam, não é?
— Durma bem, papai. Posso voltar esta noite, se você quiser.
— Não tem nenhum encontro hoje? — Nick se intrometeu.
— Apenas com papai.
— Diga a Steve para se cuidar, minha filha. Sou um perigo — brincou Richard. — Margaret, minha querida, você pode ficar um pouco mais?
Nick acompanhou Prih e deixaram o hospital.
— Vou lhe pagar um café.
— Você está querendo convencer alguém de que somos bons amigos? Não, obrigada. Preciso providenciar algumas coisas em casa, já que vou começar a trabalhar amanhã.
— Você não precisa começar logo amanhã.
— Preciso, sim. O mais rapidamente possível. Senão você pode achar um jeito de me deixar fora de tudo.
— Por que resolveu ficar em Twin Rivers , Prih? Não acredito que seja por dinheiro, já que sua mãe é muito rica. Por outro lado, não consigo imaginar outro motivo.
— Oh, é claro que é por dinheiro, Nick! E jamais esperaria que você acreditasse em qualquer outro motivo.
— Nesse caso, por que não fazemos as coisas da maneira mais fácil? Sua parte vale vinte mil dólares. Eu pagarei quarenta, e você transfere tudo para mim e vai embora de Twin Rivers logo após o Natal.
Prih, chocada, parou e se voltou para ele como se fosse esbofeteá-lo.
— E onde iria conseguir todo esse dinheiro? Você pensa que pode me enganar em negócios, não é? Sinto muito, Nick, mas vou ficar aqui e provar que sou mais competente que você. E acabarei convencendo papai a passar toda a administração, para mim. Espere e verá.
Nick parou, e a olhou demoradamente.
— Vai ser interessante ver você tentar. . . — E foi embora.
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