quarta-feira, 3 de março de 2010

FIC...Kiss Yesterday Goodbye CAP 7


Capítulo VII


Finalmente tinha chegado à noite de Natal. Prih, sentada perto da lareira, ouvia a leitura do nascimento de Cristo, feita por Mar­garet. Essa reunião era um velho hábito da família e Richard costu­mava ler os textos sagrados. Mas agora, por se cansar com facilidade, tinha passado para a esposa a honra das leituras.
Prih sabia de cor aquelas passagens. E, abraçando os joelhos, perdeu-se observando o fogo. A seu lado, o gatinho preto dormia enrolado. Do outro lado da sala, Richard, vestido com pijama e robe, olhava Margaret com um brilho de admiração nos olhos.
"Será que um dia, numa noite de Natal, alguém me olhará com esse mesmo brilho nos olhos? Serei amada como Margaret é?", pen­sou Prih. "E esse alguém, será Brian?"
Nesse momento, ela o olhou. Parecia aborrecido. Tamborilava com os dedos nos braços da cadeira onde se sentara. Mas, também, isso era de esperar. Brian estava acostumado a se manter ocupado cada minuto, e nos quatro dias que passara em Twin Rivers foi obrigado a uma ociosidade total.
Prih ficou admirada quando ele concordou em ficar para o Na­tal, se bem que Richard praticamente o tivesse forçado a isso. Mesmo assim, ela estava contente. Na verdade, queria que Brian e Richard se conhecessem e que o pai aprovasse a sua escolha.
Finnegan, que estava deitado aos pés de Nick, levantou-se e veio para perto de Prih, como para verificar o que ela olhava tão fixa­mente. Porém não se aproximou muito ao ver Lúcifer. O gatinho já lhe tinha provado que era um inimigo de respeito ao lhe cortar o focinho com as unhas.
Prih acompanhou os movimentos do cachorro e, de repente, cru­zou com o olhar de Nick, fixo nela. Pareceu-lhe que aqueles olhos azulados queriam lhe dizer algo, mas não conseguiu decifrar a men­sagem. Bem, fosse o que fosse, era problema dele.
Prih desviou os olhos de Nick e se lembrou que aquela era a primeira noite que ele vinha para o jantar desde a volta de Richard para casa. Certamente havia passado todos aqueles dias na cabana. Junto com Suzanne, claro. Sem dúvida, foi muito melhor assim, pois a ausência dele tornou tudo mais fácil.
Ouviu-se então uma música natalina, e Prih foi correndo até a janela para ver os cantores que passavam pelas casas desejando feliz Natal. Era uma antiga tradição de Twin Rivers, e, desde criança, ela se sentia fascinada por aquelas pessoas que saíam embaixo de neve para cantar e desejar felicidade a todos.
Nick imediatamente prendeu Finnegan em outro aposento da casa e abriu a porta da frente. Toda a família saiu à porta para recebê-los. Cantaram "Noite Feliz" e Prih, encostada ao batente da porta, emocionou-se profundamente. Não tinha percebido que Nick estivera o tempo todo a seu lado até que ele lhe estendeu o lenço para enxugar as lágrimas.
— Não vá ensopá-lo todo — recomendou. — Também não deixe que as lágrimas se congelem antes de limpá-las!
Terminada a canção, Margaret dirigiu-se aos cantores:
— Entrem todos. Venham... Temos doces e salgadinhos, além de um bom vinho para esquentá-los.
Todos entraram e entre eles estavam AJ e Alison, que convida­ram Prih e Brian para acompanhá-los. Iriam cantando pelas ruas e, finalmente, parariam na igreja para a celebração da Missa do Galo.
Alison já havia convidado Prih antes, mas ela não aceitara por achar que aquele costume não agradaria a Brian. Agora, entretanto, ele estava tão aborrecido que ela não teve dúvida de que qualquer convite para sair de casa, fosse para onde fosse, o faria vibrar.
Prih tentou contagiar Brian com seu entusiasmo. Ele concordou em ir, porém sem nenhuma animação:
— Se você insiste, Priscila, iremos. Faço tudo o que você quiser. Já nem sei mais o que estou fazendo. Só espero que os jornalistas jamais saibam que você tem domínio sobre mim!
Brian não pôde ver o olhar de zombaria que Nick lhe dirigiu, mas Prih viu e ficou furiosa. E, como que para se desculpar, Nick bateu de leve no seu ombro e lhe estendeu o agasalho.
— Você está tão ansioso assim por me ver sair? — perguntou ela, enquanto vestia a blusa.
— Não, nada disso. Eu também vou — respondeu ele, piscando um olho.
Mas, como? Acompanhar os cantores não era, de forma alguma, o costume de Nick. O que o teria feito mudar de idéia?
Não foi preciso muito para que Prih descobrisse a razão da mudança. A poucos passos dela estava Suzanne, que o segurava como a uma bóia salva-vidas.
— Suzanne, não consigo vestir meu casaco com você pendurada assim no meu braço — reclamou Nick.
E Prih, interiormente, riu-se da cara de desconsolo da moça. Depois dos agradecimentos a Margaret, o grupo deixou a casa dos Stanford e seguiu cantando pelas ruas.
— Você não está cantando — disse Prih a Brian.
— Nunca consegui gostar desse tipo de coisa. . .
— De quê? De cantar ou de músicas de Natal?
— De todas essas tradições bobas. Rosemary é que teve a melhor idéia. Foi para o Caribe e fugiu desse estardalhaço todo. Que des­perdício colocar presentes embaixo de uma árvore de Natal!
— Deixe Prih cuidar de você por uns tempos. Tenho certeza de que ela vai mudar sua maneira de pensar. Não há nada que ela goste mais do que dar e ganhar presentes de Natal — interferiu Alison.
— Oh, Alison. Não sou assim tão radical, também. Você sabe que eu odeio compras de Natal. . .
— Para quantas pessoas você comprou presentes neste Natal? — desafiou Alison.
— Apenas para umas trinta!
— Aí está. Imagine se ela gostasse de fazer compras, então! — Alison concluiu.
— E o que mais se pode fazer nesta cidade, além de caminhar pelas ruas cantando? — quis saber Brian.
— Quase nada. Apenas ir para a casa de alguns amigos, e ficar lá o resto da noite.
Brian suspirou, enfastiado.
— Tudo isso me parece festinha rural. Sem nenhuma graça! Alison fez uma expressão de quem iria reagir abruptamente, mas Prih a fez calar-se com um olhar e começou a cantar "Oh, cidadezinha de Belém".
A neve começou a cair outra vez, e Prih sentiu os flocos que se prendiam em seus cabelos. Irritou-se por Nick haver levado seu capuz. Olhou para o lado e o viu. Não estava cantando, mas sim­plesmente conversando e abraçando com força o ombro de Suzanne.
"Ele já está bem crescidinho para fazer suas próprias escolhas, mas Suzanne, certamente, é a pior possível", pensou.
A missa de meia-noite foi tão bonita quanto as que Prih vira na infância. Os cânticos e os sinos eram os mesmos. Prih comoveu-se muito e, ao voltar para casa, sentia-se feliz por aquela noite.
A sala de estar estava quente e o fogo ainda crepitava na lareira.
Brian deu uma olhada ao redor, e então a ajudou a tirar o agasalho e o jogou sobre uma cadeira. Rindo, ele a tomou nos braços e rodopiou com ela pela sala.
— Finalmente! Pensei que nunca mais a veria a sós. Nesta cidade parece que todo mundo conhece todo mundo. E também que esta­mos sempre tropeçando em alguém!
— É verdade. Nunca temos tempo para fazer o que queremos. Como isto, por exemplo. — Prih cruzou as mãos atrás do pescoço de Brian e puxou sua cabeça para a frente.
— Que idéia maravilhosa! — murmurou ele, enquanto a beijava.
Foi um beijo longo e apaixonado, e, mesmo depois de ele ter le­vantado a cabeça, continuou a descer as mãos em direção aos qua­dris dela, enquanto lhe cobria o pescoço e as orelhas de beijos.
— Hum, você está cheirando tão gostoso! Perfume novo?
— Não, é de Margaret. Ela tem sempre muitos perfumes bons!
— Ela tem bom gosto. Este, pelo menos, é muito gostoso.
 De repente outra voz masculina interveio na conversa.
— Você tem toda razão. Ela tem bom gosto em todos os sentidos. Coisa que você não tem, não é? — Era Nick, que estava apoiado na entrada da cozinha, com um copo de chocolate na mão. — E você não deveria beijar Prih em público. Nunca se sabe o que po­deria acontecer, ou quem estaria assistindo! E, além do mais, mamãe tem regras muito severas aqui em casa, e não gostaria nada de ver isso!
Prih, embaraçada, tentou afastar-se de Brian. Mas ele a impediu.
— Fique, Prih. Não vejo por que ele possa incriminá-la. — E voltou-se para Nick. — Priscila não fez nada de mais. Não há mo­tivos para sua mãe desaprová-la.
Os olhos de Nick brilhavam.
— Talvez você não conheça a Moreninha como pensa! — provocou ele.
Brian, diante deste novo insulto a Prih, perdeu o controle e quis avançar contra Nick. Prih o segurou pelo braço e seu gesto foi recebido por Nick com um sorriso maldoso.
— Esta é a última vez que vou aceitar quieto um insulto a Priscila. Não sei qual é o seu problema, Carter, mas...
Nick o interrompeu asperamente, fazendo uma careta.
— Estou com indigestão. Revira-me o estômago olhar para sua cara!
— Como futuro marido de Priscila, exijo explicação de sua conduta...
— Como? Com uma pistola e a vinte passos? — zombou Nick.
E dirigiu-se a Prih, que já subia as escadas em direção a seu quarto:
— E você, Moreninha? Por que não me disse que o noivado já era oficial? Então o rapaz finalmente foi agarrado? Que feitiço usou?
Furiosa, Prih desceu alguns degraus da escada.
— Você sabe muito bem que não há nada de oficial, Nick — gritou. — Portanto, pare de me irritar. E se vocês dois querem se matar um ao outro, matem-se. Não acho que precisem de um juiz.
E subiu o restante das escadas sem se voltar.
— Feliz Natal!
Todos se voltaram para receber o Dr. Grantham. Não foi preciso lhe abrir a porta, pois era hábito deixá-la aberta nesse dia para aco­lher os muitos amigos que apareciam para uma visita.
Prih estava na sala de estar, junto com outros amigos e empre­gados da firma. Levantou-se sorrindo e foi abraçar o médico e sua esposa que, há anos, costumavam almoçar com os Stanford no Natal.
— Oi, doutor. Tudo bem, Sra. Grantham? Querem me dar os casacos?
Ao estender a mão ao doutor, ele a reteve, admirando o belíssimo anel que Prih trazia no dedo.
— Veja só o que temos aqui, Edna. Lindo anel, não? — pergun­tou à esposa.
— Obrigada, doutor. É mesmo muito bonito — Prih disse, lem­brando-se do momento em que o recebera de Brian, naquela mesma manhã, ao lado da árvore de Natal.
— Ora, preciso dar um beijo na noiva! — E beijou-a com estar­dalhaço. — Nós bem que imaginamos, quando os vimos na igreja outro dia, que logo teríamos um noivado. . .
Prih olhou-o, espantada. Como ele poderia saber que eles iriam anunciar o noivado? E, além disso, como poderiam tê-los visto antes na igreja, se só foram na noite anterior?
— Sem dúvida, hoje é um belo dia para anunciar um noivado — comentou a Sra. Grantham. — Richard e Margaret devem estar muito felizes.
— Oh, sim. Estão mesmo! — confirmou Prih.
— E com toda a razão, não é, Prih? — O Dr. Grantham abra­çou-a. — Você tem se mostrado uma ótima filha. Estou feliz por ficar conosco definitivamente. Realmente, Nick é um homem de muita sorte!
Suas palavras caíram como uma bomba na sala que, de repente, ficou silenciosa. O relógio de parede anunciou dez horas e aquelas batidas pareciam não ter mais fim.
— Tem razão, doutor, sou mesmo um homem de sorte! — Nick levantou-se de perto da lareira, onde estava sentado, com a pequena Molly nos braços. — Como o senhor vê — mostrou ao médico a mão direita —, não sou noivo. E não há sorte maior que essa! Prih olhou-o, irritada, repreendendo-o:
— Não precisa ser grosseiro, Nick.
— Não estou sendo grosseiro querida. Estou apenas esclarecendo os fatos!
Ela reparou em Brian, no outro lado da sala, visivelmente contra­riado. Agora, sim, ela entendia o que o Dr. Grantham pensara. Com certeza eles tinham visto Nick com os braços em seus ombros na igreja e, então, tiraram suas conclusões.
Desajeitado e com o rosto vermelho, o Dr. Grantham desculpou-se: — Oh, Prih... Perdoe-me. Não sabia que... — E, olhando para Brian, que vinha na direção deles, pareceu recuperar o auto­controle. — Você tem certeza de que seu pai está feliz com sua escolha?
— Claro que está! Sem dúvida, Brian não poderá morar aqui em Twin Rivers. Mas marcamos o casamento para início do outono, e até lá ficarei aqui.
Prih apresentou o noivo, que ainda pegara o final da conversa. Sentiu que o charme de Brian não tinha funcionado desta vez, pois o Dr. Grantham dirigiu-se a ele meio contrafeito:
— Rapaz, esta moça precisa ser bem cuidada. Você não sabe o quanto ela é querida. E eu não lhe aconselharia esperar até o outono para se casar. Ela pode mudar de idéia...
Prih estava irritada, mas se controlou e tentou sorrir.
— Isto não é lá muito lisonjeiro para a noiva, não é, doutor?  — Nick os interrompeu, trazendo um copo de batida para a Sra. Grantham. — Se eu fosse a Moreninha, estaria ofendida por meu noivo querer esperar quase um ano para casar. Iria me sentir menos im­portante que os negócios ou as relações sociais dele.
— Mas você não é nenhuma Priscila Stanford — interveio Prih, áspera. — E você deveria se preocupar com sua vida, não com a minha. — Continuou provocante: — E tem mais. Duvido que al­guma mulher queira colocar uma aliança de noivado em seu dedo. . .
— Duvida mesmo?
— E tenho pena da coitada que entrar nessa... — Deu-lhe as costas, saindo de maneira arrogante.
Alison estava se servindo de bebidas e, de longe, tinha observado aquela cena. Quando Prih se aproximou querendo tomar alguma coisa, ela ofereceu:
— Deixe que eu ponho. Você está muito nervosa e tremendo tanto que vai derramar tudo. Quer um pouco de rum?
— Não, obrigada. Quero uma batida. Oh, como eu gostaria de ter dito a Nick tudo o que penso dele. . .
— Vamos, Prih, tome um pouco de rum, é mais relaxante.
— Não quero mesmo, Alison. Além do mais, não iria gostar que Finnegan o bebesse todo, se por acaso eu me distraísse.
— Esse cachorro continua beberrão?
— Quando não tem ninguém olhando, sim!
Alison, pensativa, colocava alguns copos usados numa bandeja.
— Você está brava assim porque Nick está totalmente certo, não é, Prih?
— Certo sobre o quê?
— Sobre o fato de Brian não estar com nenhuma pressa para se casar. Não há motivo para esperar quase um ano. Afinal, vocês dois são adultos. . .
— Ele tem seus motivos para isso, Alison.
— Bem, deve haver algum outro além dos dele, não? Afinal você concordou. . .
— De minha parte não há nenhum. Apenas estou de acordo quanto aos motivos de Brian. E quanto a Nick, vou estrangulá-lo se continuar a se meter!
— Realmente, não sei querida... Parece que tem alguma coisa errada nessa história. Você não está feliz como uma noivinha recen­te. Ao contrário. . .
Prih não quis continuar a conversa. Pegou a bandeja de copos que Alison tinha separado e fugiu para a cozinha. Margaret estava lá, preparando alguns biscoitos.
— Já chegou todo mundo?
— Parece que sim. Você não quer ir para a sala cumprimentá-los enquanto eu cuido das coisas por aqui?
— Obrigada, querida, mas não há quase nada a fazer. — E, olhando para o anel que tinha ganho de Richard, Margaret agrade­ceu: — Obrigada também pelo anel. Ele é maravilhoso!
— Eu apenas escolhi Margaret. Foi papai quem o comprou.
Margaret beijou-a no rosto.
— Você não me parece muito feliz hoje, querida! Imaginei que, com esse anel de noivado no dedo, você iria pular de alegria.
Margaret sem dúvida não sabia da cena com Nick na sala de vi­sitas, mas Prih decidiu que não seria ela quem contaria.
— Acho que é assim com todo mundo, não?
— Talvez você tenha razão. Quem sabe as coisas seriam diferen­tes se você tivesse tido a oportunidade de ficar a sós com Brian, ao invés de recebermos todos esses convidados. . .
Prih se perguntou se aceitaria aquele anel, caso Brian o tivesse dado numa situação em que estivessem sozinhos. Ao invés disso, ele escolhera o momento em que toda a família estava reunida, abrindo os presentes de Natal. Foi muito constrangedor. Além disso, ela foi apanhada de surpresa. . .
Vendo-a pensativa, Margaret quis consolá-la.
— Tudo bem, querida. À tarde, os convidados, seu pai e Nick devem entreter-se com os jogos. Você e Brian poderão então ficar à vontade. Por outro lado. . . — sua voz pareceu hesitante — se você quiser chamar sua mãe, chame-a. Garanto que seu pai não se importará.
— Garanto que minha mãe não ficará magoada por estar ausen­te, Margaret. Na verdade, ela não gosta muito de ter uma filha nas barras da saia. Por manias de idade, entende? — E aspirou o cheiro doce que os biscoitos de Margaret exalavam. — Este é o primeiro Natal que tenho em cinco anos. . .
Subitamente, Prih se viu nos braços de Margaret, abraçando-a e lamentando não tê-la entendido há mais tempo. Por fim, separa­ram-se e Prih outra vez lhe pediu que fosse para a sala falar com os convidados.
— Vamos? — chamou Margaret.
— Daqui a pouco.
Margaret não insistiu e Prih ficou lavando os copos sujos que trouxera. Enquanto isso imaginava que o próximo Natal passaria junto com Brian, em sua própria casa.
Poucos minutos depois, Nick entrou trazendo mais copos para serem lavados.
— Todo mundo está estranhando sua fuga, Moreninha — falou com cara de santo.
Ela se voltou, tentando não prestar atenção em sua figura alta, seus cabelos loiros, sua roupa impecável.
— Não fugi. Simplesmente não era necessária lá, e aqui posso me tornar útil — respondeu, tentando parecer tão tranqüila quanto ele.
— Desculpe-me, Prih — disse ele, tocando-lhe carinhosamente o braço.
— Você, o onipotente Nick Carter, por acaso sabe o que essa palavra significa?
— Parecemos inimigos mortais. Como cão e gato. . . — Ele riu.
— Muito bem, Nick! E por qual das ofensas você está se descul­pando agora? Estou ansiosa por saber. . .
— Pela daquele dia quando saímos do hospital. Pensei que o anel que você tinha no dedo era seu, e por isso falei de Richard estar pagando caro pela sua permanência.
— Você pensa estar certo sobre muitas coisas que não são verda­deiras, Nick. Se você quer saber...
— Bem, pensei que você tivesse pedido a ele o anel. . .
— Não, Nick. Não pedi nada. Só queria que Margaret tivesse um anel como aquele. Então, quando papai me pediu que escolhesse o presente dela. . .
— Bem, pelo jeito mamãe gostou muito. . . Fico feliz por você ter acertado na escolha. — Aproximou-se, rápido, para aspirar o perfume que ela usava. — E também porque você está usando o meu perfume, Prih.
— Seu? Isto não é loção pós-barba, Nick. Ganhei de Margaret. Você viu quando abri a caixinha, hoje pela manhã. Acho que ganhei um vidro de perfume igual ao de Margaret para deixar de usar o dela. . .
— Não é loção pós-barba, mas é o meu perfume. O perfume que fiz para mamãe — explicou ele, desconcertando-a.
Prih não respondeu e pegou um guardanapo de papel. Molhou-o na torneira e passou por trás das orelhas, tentando tirar o perfume.
— Você nunca vai conseguir tirá-lo assim, Prih — zombou Nick. — Esse não é um perfume comum. Não foi feito para co­mercialização. Portanto, se mantém por muito tempo, mesmo depois de um banho.
— Mas vou tirá-lo de qualquer jeito. Não quero usar nada que venha de você.
— Duvido que consiga. Você certamente o passou em vários lu­gares e não vai passar guardanapinho úmido em todos esses lugares, comigo aqui! — Pegou-lhe a mão e desabotoou o punho da blusa. Depois lhe cheirou o pulso e o beijou com delicadeza.
Prih tentou afastá-lo, mas quanto mais o empurrava mais ele se aproximava. Ela se sentia perturbada. Desde a festa de Natal da firma, não estivera tão próxima dele. Mas o que estava acontecendo? Na verdade, ela desejava que ele a beijasse novamente.
Mas Nick não a beijou. Apenas encostou o rosto ao dela para sentir o perfume e, com as pontas dos dedos, contornou-o todo, como se o quisesse memorizar.
— Se Brian nos vir assim, ele o mata — disse ela, num tom de voz normal.
— Tem certeza de que não a matará também? Afinal você é a noiva, apesar de não estar se mostrando tão feliz assim. Além disso, por que não estaria lutando para impedir que eu a abraçasse?
— E adiantaria alguma coisa?
— Não. Mas Brian nunca faria qualquer coisa...
Não o subestime, Nick!
Acho melhor você aconselhar Brian a não me subestimar, isso sim.
Por que você não gosta dele, Nick?
— É isso que parece?
— Não desconverse. Quero saber. Qual é o problema?
Como se não tivesse ouvido a pergunta, Nick continuou aspiran­do-lhe o perfume.
— Esse perfume fica muito bem em mamãe. Você precisa de um aroma um pouco mais sexy. E quanto a Brian, ele é um trapaceiro. E isso é apenas uma das coisas de que não gosto nele.
Prih levantou a mão para esbofeteá-lo, mas ele a impediu.
— Vá por mim, Moreninha. Esse Brian está jogando sujo com você. E, antes que ela pudesse se esquivar, ele a beijou na boca, rápido, e foi embora.







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