Capítulo VI
Magoada com o desabafo de Alison, Prih caminhava lentamente para o hospital. Será que sua amiga estava certa? Nick tinha muito charme quando queria, e pelo jeito estava jogando-o também em cima de Alison.
"É, deve ser isso mesmo", pensou. Por fim, resolveu esquecer o incidente.
Richard a estava esperando. Assim que Prih chegou, ele sorriu feliz, e fechou a revista que folheava.
— Muito recente essa revista, hein, papai? — A International Geographic que ele havia fechado era de doze anos atrás.
— Pode ser antiga, mas traz artigos até que bem atuais. E esse seu conjunto, é novo?
Prih rodopiou, abrindo a saia e desfilando para seu pai.
— Sim, comprado a crédito, até que eu receba meu primeiro pagamento. Você sabia que sou remunerada nesse emprego?
— Oh, sim! Nada mais lógico. E em casa, como estão as coisas?
— Armamos a árvore de Natal na noite passada, mas Lúcifer já subiu nela. Agora Finnegan está cuidando para que ele não se aproxime de novo.
— Esse foi um acontecimento que não lamento ter perdido.
— Você sempre odiou árvores de Natal, não é, papai? É uma pena! Essa foi feita de um pinheiro tão bonito! Nick o trouxe da cidade, e soube escolher a árvore perfeita!
— Fico contente por ele ter feito algo que a agradou. As coisas parecem estar começando a melhorar.
Prih o olhou fixamente, mas não respondeu. Preferiu mudar de assunto.
— Tia Agnes também telefonou. Ela deverá estar aqui já neste fim de semana e pretende ficar até terminarem as férias.
— Oh, que bom que minha irmã querida virá! Se continuarem a me agradar assim, talvez eu resolva não sarar mais, só para receber essas atenções todas! E quanto ao presente de Margaret? Você o comprou?
— Claro. Acho que você vai gostar, e ela também, claro! Mas você, papai, prepare-se para o preço. Comeram-lhe uma perna e um braço. . .
— Eu sabia que seria caro quando lhe pedi para comprar algo que você mesma gostaria de ganhar. . .
Prih procurou na bolsa e tirou uma caixinha de veludo preto.
— Foi você mesmo que me ensinou a gostar do que era bom papai. — E mostrou o conteúdo da caixa. — Que mulher não gostaria de encontrar um presente igual a este embaixo da árvore de Natal?
O anel que Richard viu era, realmente, maravilhoso. Tinha uma enorme esmeralda rodeada por vários diamantes pequenos, incrustados no ouro.
— Acho que houve um pequeno engano, querida. Isso deve ter me custado um braço e as duas pernas, não?
— Tem razão, papai — concordou ela, rindo. — Foi caríssimo. Mas Margaret me havia mostrado o vestido verde-esmeralda que pretende usar no Natal. E, quando vi esta jóia na vitrine, não pude resistir.
Prih colocou o anel em seu próprio dedo e afastou a mão para apreciar melhor o efeito da luz naquelas pedras tão bonitas.
— Você está ansiosa por ter um anel de noivado nesse dedo, não, filhinha? E o namorado, como está?
— Zangado. Não me telefonou mais desde domingo. Ele não gostou da idéia de eu ficar aqui. Mas não estou tão ansiosa assim por me casar, papai!
— Isso é bom. Gosto de tê-la por perto. E o trabalho, como está indo?
— Tenho tido uma série de boas idéias! — E começou a enumerá-las para Richard, sem mesmo tomar fôlego.
— Calma! — Richard riu, levantando os braços como se estivesse se protegendo da enxurrada de palavras que ela despejava. — Prih, eu sou um homem velho, não agüento mais tanta vitalidade! Você deve falar com Nick para que ele a ajude a colocar tudo isso em prática. . .
— Mas ele nunca vai atender a um pedido meu. . .
Richard virou-se para olhá-la melhor e, falando séria e pausadamente, aconselhou:
— Prih, querida. São apenas três dias de trabalho. Não faça do comportamento de Nick um drama. Dê-lhe a oportunidade de saber o que você pensa. Por acaso ele já lhe disse que não aceitaria suas sugestões?
Prih hesitou por alguns momentos.
— Na verdade, eu não falo com ele...
— Oh, que bela mulher de negócios você está me saindo! — o pai repreendeu-a afetuosamente.
— Não tenho tido chance — ela se defendeu. — Ele só ficou no escritório três horas durante toda a semana. O resto do tempo passou trancado naquele laboratório. Não resta dúvida de que está tentando explodir tudo. . . — Olhou de relance para o pai, esperando que ele percebesse o quanto Nick estava se descuidando dos negócios da empresa. Mas, decepcionada, não viu nenhuma alteração na expressão de Richard. — Papai, por causa desse laboratório, ele está fazendo uma péssima administração na empresa. Por que, então, continua a ser o responsável por tudo?
— Porque ele não está fazendo um mau trabalho. Ao contrário, tem sido um excelente administrador. E, deixando seu rancor de lado, filha, você tem que concordar que ele, sempre que se propõe a fazer algo, faz bem-feito!
Desarmada, Prih não viu como discordar.
— Sim, papai. Você tem razão, isto é uma das coisas mais marcantes nele.
Richard, vendo-a triste, pediu que ela se sentasse perto dele. Como uma criança cujo pai estivesse chamando para um agrado, Prih encostou a cabeça em seu peito e relaxou.
— Oh, Prih! Você está me parecendo um cãozinho carente, cujo dono está longe, numa longa viagem...
— É exatamente isso que ela me lembra, também! — A voz que vinha da porta era divertida.
Nick entrou cumprimentando Richard de maneira afetuosa.
— O que eu lhe lembro? — perguntou Prih, já pronta para uma nova batalha.
— Finnegan! — respondeu Nick, olhando-a pensativo.
— Um cachorro! E logo Finnegan?
— Sim, vocês dois são quase da mesma cor! — Segurou uma mecha dos cabelos dela. — Se você encaracolasse esses cabelos ficariam mais parecidos ainda.
— Pois é melhor você se cuidar. Eu poderia começar a morder, como Finnegan!
Contrariada, Prih tirou as mãos dele de seus cabelos, e olhou para o pai.
— Voltarei outra hora, papai. Agora não dá mais para conversarmos.
— E por que você não aproveita a oportunidade para falar com Nick sobre suas idéias para a empresa, Prih? Ele parece estar com tempo para ouvi-la agora, e não acredito que iria deixar de pensar com seriedade em suas sugestões.
Embora as palavras do pai soassem como uma sugestão, Prih não pôde deixar de perceber a ordem contida nelas. Voltou, sentou-se à beira da cama, e olhou demoradamente para Nick. Nenhum músculo do rosto dele se moveu. Estava impassível.
— Bem, acho que poderíamos conseguir uma melhor resposta de vendas dos produtos da fábrica se eles tivessem um nome mais atraente. Nós precisamos de uma nova imagem, a nossa já está muito ultrapassada.
— Acho que você não gosta do novo nome da companhia só porque desapareceu o Stanford. Então quer mudar tudo agora — rebateu Nick, tamborilando com os dedos no encosto da cadeira.
Ela se controlou.
— Não desvie o assunto, Nick. O nome da empresa não tem força para aumentar a venda dos produtos. Porém, uma nova imagem desses mesmos produtos, sim. Essa imagem não deve se restringir ao nome do produto, mas também à embalagem. . . — E desfiou uma série de opiniões, envolvendo desde a dona-de-casa que compra o produto, até o ajudante que o coloca em exposição no supermercado.
A tudo Nick ouviu com uma expressão de paciência. Mas, quando falou, foi como Prih já esperava. Discordou dela nos pontos mais essenciais de seus argumentos.
Mesmo assim, decidida a não se deixar vencer, Prih tentou uma última cartada, que envolvia não apenas os produtos, mas também desafiava o espírito de aventura de Nick.
— Mas o que é isso, Nick? Está com medo de falhar? Se fosse eu a tentar, tenho certeza de que tudo sairia bem.
— Então, tente. Mas esteja preparada, Prih. Se falhar, vou cobrar de você cada centavo que a companhia perder.
Bem, uma coisa Prih havia conseguido: abrir uma guerra declarada com Nick. Satisfeita, levantou-se, beijou o pai e se preparou para sair.
— Moreninha! — Nick a chamava. — Pode me dar uma carona até em casa?
Ela se voltou e o olhou, admirada. Jamais imaginara que ele, algum dia, lhe pediria qualquer ajuda.
— E por que você não vai com seu próprio carro?
— Eu o deixei para trocar o óleo. Só vou buscá-lo amanhã
— Você não hesita em me pedir ajuda quando lhe convém, não é? — Prih fez uma expressão contrariada.
— Você está aprendendo, moreninha. Parabéns.
E foram em silêncio até o carro. Ao chegar. Prih procurou pelas chaves e, sem esperar que ele lhe abrisse a porta, destrancou-a ela mesma e acomodou-se.
Nick sentou-se à direção e olhou-a de maneira irônica.
— Não pense que sou tão insensível, moreninha. Na verdade, você quase me convenceu a dar crédito para suas sugestões.
— Ah, sim, mas você certamente prefere beijar uma jibóia a concordar comigo, não é?
— Se a jibóia for você, Moreninha, não pense que ficarei só no beijo.
Ela se sentiu mais uma vez parte de um jogo e quis pôr um fim definitivo àquela interminável troca de palavras.
— Afinal, o que você quer de mim, Nick?
Ele foi igualmente franco.
— Sua parte na empresa. Sempre quis tudo para mim. Acho que isso não é surpresa alguma para você, não?
— Não, eu tinha planejado a mesma coisa. Mas você não vai conseguir nada de mim, Nick. Só depois que eu morrer! Mesmo assim, posso deixar tudo para uma instituição de caridade, ou então para a centésima pessoa que for ao meu funeral!
Ele ignorou o desabafo dela.
— Eu lhe ofereço cinqüenta mil dólares por sua parte. Vamos, aceite e vá embora. Você já teria dinheiro para passar as férias no Caribe. Que tal?
— Obrigada. Mas vou esperar mais alguns dias, pois certamente você triplicará a oferta. Vai ser divertido vê-lo lutando por uma causa perdida. — Olhou-o de maneira acusadora. — E você poderia me dizer de onde viria todo esse dinheiro para me pagar?
— É claro que não! Isso é estritamente pessoal. Mas pode ter certeza, não estou blefando...
— Ah! — Ela balançou a cabeça.
— E se pensa que estou fazendo um jogo com você, engana-se, querida. Aliás, esta oferta tem tempo limitado. Expira a meia-noite de sábado. E não tente recorrer a Richard para me enganar.
— Por que eu faria isso?
— Porque ele está fazendo tudo para mantê-la aqui. Até esse conjunto que está vestindo, certamente, ele lhe deu para agradar, não? Está ficando muito cara. Moreninha.
Prih pensou em lhe explicar que ela mesma havia comprado aquela roupa, mas depois desistiu certa de que ele não acreditaria.
— Por que você mesmo não pergunta a ele? — E desceu do carro, que já estava estacionado em frente à casa.
A orquestra já estava tocando quando eles chegaram. O clube era um local espaçoso e, naquela noite, tanto o restaurante quanto o enorme salão de baile estavam reservados para a festa de Natal dos funcionários da Twin Rivers Bakeries.
Prih, toda animada, gingava o corpo ao ritmo da música. Tão logo chegaram ao salão, pegou Steve pelo braço.
— Vamos dançar?
— Agora, não. Essa música é muito agitada e não vou conseguir acompanhá-la. — Prih desistiu da pista de dança e acompanhou Steve até a mesa onde Alison e AJ já estavam sentados, servindo-se de uma enorme variedade de pratos.
— Hum, por que você não faz uns pratos como estes, querida? — AJ perguntou a Alison.
— Por que, se fizer comidas assim, no próximo Natal você estará pesando uns duzentos quilos.
Alison sentou-se ao lado de Prih, que cochichou no seu ouvido:
— Poderíamos dançar juntas, Alison! Já fizemos isso quando íamos às festas da escola sozinhas e os garotos não queriam se mexer lembra-se?
— Como tivemos coragem de fazer isso, hein, Prih? Você nunca foi a nenhuma festa da escola desacompanhada. — Alison levantou-se para olhar o centro da pista. — Lá está Nick. Ele é o único homem que conheço que realmente gosta dessas danças.
Prih procurou Nick na direção que Alison apontava. Mas esperava que ele não a notasse. Vestido da maneira mais elegante que já tinha visto, ele estava atravessando o salão. Usava jaqueta marrom com calça bege, e tinha a camisa creme aberta no peito.
Curiosa, procurou por Suzanne. Queria ver como estava vestida e saber se Nick, seria monopolizado por ela durante toda a noite. Não a encontrou. Sorriu secretamente. Então a bela Suzanne, que aparentemente tinha ganho uma batalha, estava agora perdendo a guerra? Será que seu relacionamento com Nick não estava tão bom quanto quisera demonstrar?
— Você viu Suzanne pendurada no braço dele? — perguntou a Alison. — Será que ela não virá?
— Se é isso que você espera Prih, desista. Logo ela estará aqui e não vai desgrudar dele um só minuto.
Prih já tinha preparado um verdadeiro discurso contra Nick, quando o olhar de Alison a fez lembrar-se da promessa que fizera de não falar mais sobre ele quando estivessem juntas. Mesmo assim, não resistiu. Voltou a perguntar sobre o possível casamento com Suzanne.
— Não se preocupe Prih. Nick tem mais juízo do que você pensa. É uma das pessoas mais sensíveis que conheço — falou AJ.
— Tão sensível quanto uma navalha de barbeiro — resmungou Prih.
Alison, que já não agüentava mais a teimosia da amiga, resolveu abrir o jogo.
— Prih, seu pai confia em Nick e ele tem correspondido...
— Tem certeza?
Como se não a tivesse ouvido, Alison continuou:
— E você está trilhando o mesmo caminho que sua mãe. Está ficando cínica e maldosa. O fato de Nick ser querido por todos nós parece incomodá-la. Só que seus comentários não vão nos fazer gostar menos dele. . .
— Alison, chega! — pediu AJ, tentando calá-la.
— Está tudo bem, AJ — disse Prih, calmamente. — Afinal, para que servem os amigos?
— Exatamente para isso, Prih. Para fazê-la ver o que há de errado com você mesma.
AJ pegou Alison pelo braço e a fez ficar de pé.
— Vamos dançar — chamou.
Steve, que tomava seu drinque, quieto, resolveu quebrar o silêncio.
— Está magoada com Alison, Prih?
— Pode-se dizer que sim. . .
— Afinal, o que Nick lhe fez? — perguntou, arrependendo-se logo em seguida. -— Oh, desculpe-me, não é da minha conta. E o gatinho, como vai?
— Ele é uma maravilha. Pensa que armamos a árvore de Natal para ele quebrar os enfeites. Espatifou três na noite passada. Está ficando realmente impossível! — Interrompeu-se. — Vamos dançar agora?
Logo no início da dança, trombaram com Nick e Suzanne. A "melosa" lhe lançou um sorriso satisfeito e achegou-se ainda mais a Nick. A música era lenta. Prih encostou a cabeça no ombro de Steve e fechou os olhos. Era fácil ignorá-los. Bastava que não os visse. O problema era Steve ser um péssimo dançarino.
Alison e AJ já estavam à mesa quando eles voltaram. Alison parecia aborrecida com o incidente.
— Eu não devia ter dito aquilo, Prih. Será que poderíamos esquecer as coisas desagradáveis que saíram da minha boca?
Prih a olhou por alguns momentos.
— Amigas? — Sorriu. A palavra soou como uma senha de entendimento. Felizes, apertaram-se as mãos.
Mesmo assim, por algum tempo ainda reinou um silêncio pesado entre eles.
— Vocês vão viajar depois do Natal? — Steve perguntou.
— Não, infelizmente. Gostaria de ir a Chicago para ver os enfeites de rua, mas desta vez não vai ser possível. . .
— Vocês não conseguiram uma babá? Se o problema é esse, cuidarei de Molly, se puder ficar em sua casa — Prih se ofereceu. — Agora que papai voltou para casa, acho que ele se incomodaria com uma criança por perto. Ainda não está muito bem. . .
— Olhe, eu até aceitaria, Prih. Mas AJ sugeriu que deixássemos nosso passeio para outra ocasião... Eu queria tanto algum tempo só para nós dois...
AJ a olhou, surpreso.
— Mas eu não lhe disse que Nick nos ofereceu sua cabana para o próximo fim de semana?
— Claro que não! — E virando-se para Prih: — Sua oferta continua de pé, Prih? Pode mesmo cuidar de Molly?
— Mas é claro! Vai ser um prazer ficar com ela enquanto vocês entram em comunhão com a natureza e relembram a lua-de-mel...
Nisso a orquestra começou a executar uma música romântica.
— Vamos dançar? — Steve convidou Prih. — Este é meu tipo de música. . .
Prih fechou os olhos e deixou-se levar pela música. De repente Steve parou, e ela precisou controlar-se para não explodir de raiva quando Nick os interrompeu.
— Desculpe-me, Steve. Mas eu ainda não tive oportunidade de conversar com Prih — falou, olhando-a fixamente.
Steve sorriu, concordando. Entregou-a, a Nick e voltou para a mesa.
— Obrigada, mas não quero dançar com você. — Ela tentou afastar-se.
Nick a segurou com firmeza e puxou-a contra si. Prih percebeu que não se livraria dele a não ser que fizesse uma cena. E não estava disposta a chamar a atenção. Então, suspirou, colocou os braços à volta do ombro de Nick e tentou esquecer o lugar e a pessoa com quem estava.
— Por que está tão zangada? Quero apenas aprender alguns passos com você...
— Isso não significa que eu seja obrigada a ensiná-los. . .
— E quem mais aqui sabe dançar tão bem, Moreninha? Você lembra quem foi que lhe ensinou os primeiros passos de dança?
— Está bem. Mas diga-me: afinal, por que perde tanto tempo ocupando-se comigo?
— Esse é o único modo de. . . — Prih teve a impressão de que ele estava a ponto de revelar algum segredo. Mas corrigiu-se a tempo. — É o único modo de evitar que você fique criando problemas para mim. Enquanto estiver dançando, não terá tempo para isso.
— Então, preste atenção aos passos. . .
Nick repetiu com facilidade seus passos e entrou tão depressa no ritmo da música que ela se espantou. Ela própria havia levado uma semana inteira aprendendo.
— Pareceu-me que você não estava se acertando muito bem com Steve. No íntimo você estava pensando em... Como é mesmo o nome dele?
— Brian. Contente?
— Ah, sim! Como fui esquecer? Você é gelada assim com ele também ou é só com Steve? Sei que não é com todos os homens, afinal já tive a oportunidade de participar de seu calor.
Prih enrijeceu, perdendo o ritmo da música. Nick faz-se de inocente.
— Desculpe-me, Prih. Eu a ofendi?
— Você é um animal, Nick!
— Eu sabia que algum dia voltaríamos a esse assunto, Moreninha. De fato, sou. Mas você também é querida. Um animal de sangue quente. Quer que eu a leve para algum lugar bem discreto e lhe prove o que estou dizendo?
Prih conseguiu soltar-se, e correu para a mesa onde estava sentada. Ele a seguiu, e antes que chegassem murmurou em seu ouvido:
— Você tem me provocado, querida. Tome cuidado, porque qualquer dia eu posso perder a cabeça!
— Você dois dançam muito bem, Prih — disse Alison. — Eu gostaria tanto. . . Bem, não se importem comigo. Às vezes não consigo manter a boca fechada.
Alison teve sua atenção desviada para a porta de entrada.
— Quem é aquele homem, AJ? — perguntou apontando um rapaz parado do outro lado do salão.
— Não conheço. Não é funcionário e parece que também não é da cidade.
Prih acabou de colocar uma bebida em seu copo e olhou na direção que Alison apontava.
— Brian! — gritou, sem poder acreditar nos próprios olhos.
Era mesmo Brian Littrell quem estava parado na porta do salão, olhando as mesas à procura dela. O salão pareceu flutuar e subitamente Prih viu-se correndo ao encontro dele. Atirou-se em seus braços, enquanto ele se inclinava para beijá-la.
— Finalmente a encontrei! Não foi fácil chegar até aqui. — Ele sorriu. — As empresas aéreas não têm aviões para estes lados e até a locadora de automóveis não queria ceder um carro para vir a um lugar do qual eles nunca ouviram falar.
— Oh, Brian! Senti tanto a sua falta. Só agora estou percebendo o quanto você é importante para mim!
Os olhos dele voltaram-se para a mesa de onde ela havia se levantado.
— Não posso acreditar nisso. . . — E reparou que todos olhavam para eles. — Estamos fazendo uma cena, Priscila! É melhor dançarmos.
Ela foi espontaneamente para os braços dele, e apoiou o rosto em seu ombro.
— Como você me encontrou?
— Sua madrasta me explicou como chegar até aqui. Ela me disse que era uma festa. . .
— É a festa de confraternização dos empregados da companhia.
— Ah, sim. . . E eu deveria ter sido convidado para estar aqui, não é? — Brian, olhou-a meio sem jeito. — Mas fui entrando e ninguém me barrou. . .
Prih riu.
— E por que você está aqui?
— Eu queria vê-la e Rosemary me estimulou a vir. Ela acha que você perdeu o juízo e me pediu que a leve de volta.
— Mas eu não estou louca, Brian!
— Então você vai voltar comigo?
— Não, vou ficar aqui durante todo o inverno.
— Está bem!
Sem esperar por uma rendição tão fácil, ela o olhou espantada.
— Estou estranhando que você tenha aceitado minha decisão tão depressa, Brian. O que está planejando?
— Nada. Só que não quero brigar em público. Falaremos disso mais tarde. — E mudou de assunto. — Bonito esse seu vestido. É novo?
— Não. Margaret me emprestou.
— E quem é Margaret?
— Minha madrasta. Ela já o instalou na casa?
— Sim. Acho que vou gostar dela, Priscila. Parece que meu charme funcionou bem com ela.
Prih sentiu algo de estranho em suas palavras, mas não soube definir o quê. De fato, Brian era bonito e charmoso, mas costumava usar esse charme apenas quando lhe interessava. Mesmo assim, ela resolveu deixar de lado suas suposições. Quem sabe ele realmente queria causar uma boa impressão?
Ao deixarem a pista, Brian deu de encontro com Nick, que o examinou de alto a baixo. Seus cabelos, sua roupa e até seus sapatos.
—moreninha você conhece esse cavalheiro?
— Claro que conheço. . .
E antes que ela os apresentasse, dirigiu-se a Brian.
— Ainda bem. Não gostaria de pôr nenhum "penetra" para fora.
— E o que um "penetra" iria querer numa festa como esta? — Brian retrucou.
— É verdade. Nada. — Nick mostrou-se gentil. Prih apoiou-se no braço de Brian, e apresentou-os.
— Brian, este é Nick Carter. É o administrador da empresa e meu irmão adotivo.
Nick riu e respondeu de forma que apenas ele e Prih entenderam.
— Ah, então estou de volta à família! Você precisa se decidir, Moreninha. É desagradável nunca saber onde se está. Eu fico como bolinha de pingue-pongue, ora num lado ora no outro.
— Oh, Nick, pobrezinho. . . — Prih continuou as apresentações: — Bem, este é Brian Littrell, Nick.
— Claro! O quase-noivo. Espero que você me agradeça por ter evitado que ficasse esperando até a Páscoa, e pensando que tudo estava bem com seu romance de amor.
— Muito obrigado! Mas pode deixar que cuido desse assunto sozinho — cortou Brian.
— Ignore-o — murmurou Prih ao ouvido de Brian. — Ele adora criar confusão.
— Está confessando sobre o seu outro caso, Moreninha? — perguntou Nick, com maldade.
— Ele a está insultando, Priscila! — Brian tentou reagir, mas Prih o impediu.
— Não estou não. Para minha irmãzinha, isto é até um elogio! Um dia eu lhe conto por quê. Afinal, você precisa saber como ela era aos dezessete anos. . . — Nick afastou-se e se despediu, sorrindo. — Com licença, preciso atender outros convidados.
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